Após o jantar desceu em mim uma inspiração súbita para reescrever e reestruturar o Capítulo 1. Liguei o meu pequeno portátil e ao fim de uns quantos minutos, foi finalmente possível abrir o Word. Consegui, literalmente, escrever uma frase até que pediu uma actualização.
Gravei a frase e fiz a actualização.
Reiniciei o computador.
Voltei a esperar não sei quantos minutos até conseguir abrir o Word.
O ficheiro de Word passou a ser somente de Leitura e não me deixava alterar para o modo Edição.
Não consegui escrever uma única letra.
Respirei fundo.
Insultei o computador.
Insultei o meu marido, que escolheu o computador.
Tentei escrever uma letra com outro teclado.
Insultei, com muito mais vigor, o meu computador.
Insultei, ainda com mais vigor, o meu marido que me disse que a culpa era minha porque há demasiado tempo que não ligava o portátil e por isso deveriam existir dezenas de actualizações a serem feitas.
Insultei o meu marido com todas as minhas forças. Basicamente culpei-o de tudo o que de mal existe no mundo.
Chorei de raiva.
Desliguei o portátil.
Chorei ainda mais de raiva.
Fiquei a ver televisão até às tantas da noite, para tentar acalmar a raiva.
Deitei-me com vontade de explodir com o mundo.
Antes de adormecer, insultei o meu marido e o portátil, só um bocadinho mais.
Acordei 5 horas depois com dor de cabeça, zonza e com um sentimento de arrependimento que penso ser compatível com o que algumas pessoas que beberam uns copinhos a mais na noite anterior, e não sabem muito bem o que fizeram, de certeza sentem pela manhã.
Chego ao trabalho e oiço um vlog sobre Doutoramentos e as Relações onde dizem que uma grande percentagem de alunos de doutoramento passam por divórcios. E percebi porquê. Juro que percebi porquê.
Sem comentários:
Enviar um comentário